segunda-feira, 7 de março de 2011

Prevista alta de preços de alimentos

A mudança climática, trazendo enchentes e estiagens, a demanda crescente por biocombustíveis e políticas nacionais para proteger o mercado interno poderão aumentar o preço dos alimentos e ameaçar a segurança alimentar no longo prazo, alertou a ONU (Organização das Nações Unidas).

Os preços elevados e voláteis dos alimentos são uma preocupação mundial cada vez maior, e em parte também estimularam os protestos que derrubaram os governantes da Tunísia e do Egito este ano. Os impactos dos protestos são sentidos pelo norte da África e no Oriente Médio, da Argélia ao Iêmen.

Períodos de instabilidade de preço não são uma novidade para a agricultura, mas os choques recentes de preço provocados pelo clima extremo e pelo uso cada vez maior de grãos para produzir energia têm causado grande preocupação, disse a FAO, braço da ONU para agricultura e Alimentação.

"Há temores de que a volatilidade de preço esteja aumentando", disse a FAO no relatório Estado dos Alimentos e da Agricultura, publicado nesta segunda-feira.

A influência cada vez maior do mercado de commodities e as 'respostas contraproducentes da política protecionista (aos preços elevados) podem exacerbar a volatilidade do mercado internacional e colocar em risco a segurança alimentar mundial', diz o documento.

A FAO, que tem sede em Roma, já advertiu os países produtores de alimentos contra a introdução de limites de exportação para proteger os mercados locais, à media que os preços dos alimentos no mundo pressionam para além dos níveis que deflagraram as violentas revoltas em 2007 e 2008.

O preço global dos alimentos atingiu um recorde de alta em fevereiro. Na semana passada, a FAO advertiu que novas altas no preço do petróleo e a realização de estoques pelos importadores que tentam evitar levantes atingiriam os já voláteis mercados de cereais.

Estima-se que o preço dos alimentos aumente nos próximos dez anos e permaneça na média em níveis acima dos da década passada, disse a agência na segunda-feira.

É necessária uma ação coordenada internacional para garantir a segurança do abastecimento de alimentos, incluindo uma melhora na regulação e na transparência do mercado, assim como estatísticas sobre o mercado de commodities de alimentos, o estabelecimento de estoques de emergência e o fornecimento de redes de segurança, disse a FAO.

Crise na Líbia faz preços do petróleo dispararem; Bolsas caem

Os preços do petróleo alcançaram os maiores picos em dois anos e meio na rodada de negócios desta segunda-feira, com as preocupações dos investidores de que a crise da Líbia se reproduz em outras nações do Oriente Médio. Nesse contexto, investidores estão fugindo das Bolsas de Valores e correndo para um tradicional "porto seguro": o ouro, que também bate preços históricos.

O mercado acompanha com ansiedade as negociações para uma possível saída do ditador Muammar Gaddafi, enquanto as tropas rebeldes se aproximam da capital Trípoli.

Em resposta, as cotações da commodity oscilaram na marca dos US$ 118,5 o barril na praça de Londres, o preço mais alto desde setembro de 2008. Em Nova York, o barril chegou a ser negociado por US$ 106,41, em um acréscimo de quase 0,5% sobre o valor da semana passada.

As Bolsas de Valores reagem negativamente ao encarecimento do principal insumo da economia mundial. Na Europa, as Bolsas de Londres e Paris derreteram entre 0,5% e 0,7%.

Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, perde 0,83%, enquanto o S&P500, um índice de ações mais abrangente, recua 1,04%.

A brasileira Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) somente retorna suas operações na quarta-feira, e somente no período vespertino.

Os riscos geopolíticos no Oriente Médio provocaram uma corrida para o ouro: a onça dessa commodity metálica já atingiu o patamar recorde de US$ 1.444 no expediente de hoje.

"Se nós continuarmos a ver uma escalada de tensão, então nós testemunharemos uma nova alta do ouro", disse Ong Yi Ling, analista de investimentos da Phillip Futures, em Cingapura.

OPEP

Mais cedo, o ministro de Energia do Qatar, Mohammed Saleh al-Sada, disse que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) estava avaliando a situação do mercado de petróleo e a necessidade de uma reunião, mas acrescentou que não há escassez no fornecimento ao mercado.

"O fornecimento e estoques [de petróleo] estão em níveis confortáveis", disse a jornalistas Mohammed Saleh al-Sada.

"Não há motivo para nervosismo", ele acrescentou, dizendo que alguns países podem cobrir a queda na produção líbia.

Um comentário:

  1. Note como o capitalismo e a globalização são grandes geradores de problemas mundiais: por causa de uma revolução política na África, o alimento que compramos aqui -ou em outras partes do mundo- aumenta de preço. Pra piorar a situação (especialmente da maioria pobre), novas tecnologias emergentes que usam alimentos ajudam a influir na alta de preços. E os especuladores de bolsas de valores e outros mercados só servem para aumentar o restante das coisas, como o petróleo. Não é um absurdo uma coisa assim?

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