quinta-feira, 14 de abril de 2011

"Ninguém deseja aposentadoria de um salário mínimo"

BRASÍLIA - O ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, admitiu nesta quinta-feira, 14, que o valor de apenas um salário mínimo pago a mais da metade dos aposentados brasileiros não é o mais adequado. "Diante de um quadro como este, ninguém poderia achar justo isso", afirmou durante o programa Bom Dia Ministro, realizado pela EBC. "Eu não sou hipócrita, ninguém desejaria uma aposentadoria como esta", continuou. Segundo ele, é preciso lutar para que quadro possa ser revertido.

Garibaldi voltou a afirmar que é favorável ao projeto de mudança no sistema de aposentadoria dos servidores. "Ontem, (o projeto) passou por um teste na Câmara (em uma das comissões), mas não pode ser votado porque uma audiência pública foi solicitada. Não sou contra, pois ainda sou senador, mas esse projeto está dormindo desde 2007 na Câmara", lembrou.

O ministro salientou também que o problema da perícia médica no INSS precisa ser resolvido urgentemente. "A última greve deixou sequelas entre os peritos e os que dirigem o sistema da Previdência", comentou. Ele enfatizou, porém, que, há um projeto no Senado em que há previsão de criação de 500 novas vagas para a médicos peritos.

Garibaldi brincou ainda com a rotatividade dos ministros na Pasta. "Foram sete ministros durante os oito anos do governo Lula. Espero que a média no governo Dilma não seja semelhante. Se não, não terei tanto futuro na Previdência."

Fator Previdenciário

O ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, afirmou que o fator previdenciário é o calcanhar de Aquiles dos aposentados brasileiros. "Essa é a verdadeira Geni do Sistema Previdenciário", disse, durante o programa Bom Dia Ministro, realizado pela EBC. "Todo mundo atira nesse fator, eu só espero não ser atingido", continuou, brincando.

Garibaldi salientou, porém, que, apesar da necessidade de substituição do fator, qualquer alteração deve ser feita com cuidado. Ele avaliou que é preciso encontrar alternativa melhor que o fator, que é pouco transparente. "Esse maldito fator traz R$ 10 bilhões para a Previdência. Para uns malditos e para outros benditos, sendo que maldito para a maioria da população", considerou.

Sobre a expansão das agências do INSS, o ministro prevê a expansão da rede em mais 720 unidades em dois anos, das pouco mais de mil existentes hoje em todo o País. Em média, cada uma delas custa ao governo federal R$ 800 mil. Ele disse acreditar que sua Pasta será poupada de cortes em função do enxugamento do orçamento. "Acredito que a Previdência será poupada, acredito na sensibilidade da presidente. Não espero fim da expansão das agências", disse. "Vamos ter fé", acrescentou.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Seu celular quebrou? Prepare-se para brigar

Aparelhos celulares novos, na caixa, mas com defeitos que impedem o funcionamento básico. Esse infortúnio tem se tornando cada vez mais comum ao consumidor. Dos cinco produtos mais reclamados em 2010 no Procon-SP, quatro eram telefones celulares de marcas multinacionais muito conhecidas no mercado.

As empresas que lideram o ranking geral de reclamações de produtos do Procon são Samsung, Sony Ericsson, LG Eletronics e Nokia. O órgão registrou 982 queixas contra a Samsung em 2010, três vezes mais do que em 2009 — quando recebeu 320.

Contra a LG Eletronics, o crescimento saltou de 177 para 780 reclamações no mesmo período — alta de 340%, mais de quatro vezes. A LG foi de 30º para 8º na lista. Já a marca Samsung triplicou o número de queixas (para 982) e disparou do 20º para o 4º lugar no ranking. Nokia e Sony Ericsson tiveram problemas referentes ao atendimento. Só a Nokia deixou de responder a 75% das solicitações de seus clientes.

O gestor de recursos humanos Luiz Cláudio Serafim Souza, de 25 anos, tinha um celular da LG que quebrou após dois meses de uso. Ele levou o telefone até uma assistência técnica da fabricante coreana e 15 dias depois, recebeu o celular ainda sem funcionar. A LG negou a troca do aparelho.

Foi então que o cliente entrou na Justiça contra a fabricante, que foi obrigada a devolver o valor pago pelo aparelho com correção monetária. Hoje, Souza tem um celular da Nokia.

Empresas
Em resposta ao Jornal da Tarde, a LG Eletronics informou que o produto de Souza deveria ser levado à assistência técnica para análise. Questionada também sobre sua posição no ranking do Procon-SP, a companhia preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Já também coreana Samsung informou que seus produtos são fabricados em processos de alta tecnologia e que desde novembro de 2010 tem inaugurado centros para suporte e reparo de aparelhos.

A assistente de direção da Fundação Procon-SP Fátima Lemos critica essa realidade. Para ela, há muitas dúvidas referentes a qualidade dos aparelhos. “É muito estranho recebermos diversas reclamações sobre aparelhos que oxidaram, por exemplo. Será que ‘todos’ os consumidores não tomaram cuidado com o produto? Ou será o defeito está na origem do aparelho?”

Para o advogado especialista em defesa do consumidor e consultor do JT, Josué Rios, a realidade dos usuários de telefonia móvel é um “inferno”. “A qualidade dos aparelhos é internacional, pois as empresas são multinacionais, mas não é o que se vê nas mãos do consumidor.”

Mesmo assim, para a coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), Maria Inês Dolci, o controle da qualidade deve ter uma atenção maior. “Os aparelhos vêm com defeito. As coisas têm que mudar, pois as reclamações só aumentam.”

O crescimento do número de queixas levou o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, a considerar o telefone celular como um “item essencial”. Com isso, os fabricantes não teriam mais 30 dias para providenciar uma solução: teriam que fazer a troca do aparelho imediatamente.

O problema é que a Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que representa as cinco maiores fabricantes de celulares (Sony Ericsson, LG Eletronics, Nokia, Motorola e Samsung) questionou na Justiça a norma técnica do DPDC.

A associação perdeu em primeira instância, porém recorreu da decisão judicial. Enquanto isso, as empresas ficam livres para trocar os aparelhos, ou não, de imediato. Alguns Procons, como o paulista, levam em consideração a determinação do DPDC e exigem a troca na hora.

O mau atendimento também prejudicou as operadoras, que em parte dos casos também responsável pelo funcionamento do aparelho. O advogado Douglas Manente, 37, ficou 23 dias com seu aparelho sem funcionar. Não sabia se a falha no aparelho ou na linha da operadora Oi.

Sem auxílio da empresa, o consumidor recorreu a Anatel e ao Procon, que comprovaram a falha na operadora e não na fabricante. Em resposta ao JT, a Oi informou ter contatado o consumidor e o ressarciu pelo tempo em que ficou sem a linha. Por meio da portabilidade, o advogado mudou de operadora.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Químico da Unicamp é acusado de fraudar 11 estudos científicos

Uma investigação internacional apontou fraude em 11 artigos científicos de um respeitado professor titular de química da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Tudo indica que se trata da denúncia mais séria de má conduta científica da história da ciência brasileira, apesar da escassez de levantamentos sobre o tema. Em geral, os casos envolvem plágio, e não invenção de resultados.

Os trabalhos que conteriam fraude saíram em várias revistas científicas da Elsevier, multinacional que é a maior editora de periódicos acadêmicos do mundo.

Os estudos da Unicamp foram retratados (ou seja, "despublicados", não tendo mais validade para a comunidade científica). A Elsevier afirmou que os sinais de manipulação são "conclusivos".

Claudio Airoldi, de 68 anos, é um dos pesquisadores mais experientes da Unicamp: está na universidade paulista desde 1968.

NO TOPO

Na classificação do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, principal órgão federal a financiar ciência no país), ele é bolsista de produtividade nível 1A, o mais elevado, e membro da Academia Brasileira de Ciências. É o associado nº 17 da Sociedade Brasileira de Química.

Airoldi teria falsificado imagens de ressonância magnética que servem para estudar características de novas moléculas. Um dos artigos dizia que uma delas delas, por exemplo, tinha uma estrutura que serviria para absorver metais tóxicos da água.

Os trabalhos foram publicados entre 2008 e 2010 em colaboração com um aluno de pós-graduação, Denis Guerra, hoje professor adjunto na Universidade Federal de Mato Grosso.

A Elsevier diz que o procedimento de investigação envolveu três cientistas revisores independentes, e que todos eles concluíram que "estava claro que os resultados tinham sido manipulados". A editora diz ter pedido e recebido uma defesa dos cientistas brasileiros, mas, segundo ela, o material enviado não prova nada.

"Estava previsto que algo assim ia acontecer. Ia ser muito difícil segurar isso porque a pressão para publicar é muito grande e existe leniência em relação a esse comportamento", diz Sílvio Salinas, físico da USP que segue de perto os casos de má conduta científica no país.

De fato, diferentemente dos Estados Unidos, que contam com uma agência federal para investigar casos assim, o Brasil deixa o acompanhamento dos casos e possíveis punições nas mãos das instituições onde ocorrem.

Não existem estatísticas consolidadas sobre o tema por aqui. Mas, num clima de competição científica acirrada e globalizada, com pesquisadores cada vez mais pressionados para mostrar sua produção em números, mais casos são esperados.

Nos próprios EUA, em 16 anos as fraudes científicas cresceram 161%. Em países como China e Brasil, onde a publicação bruta de artigos científicos tem crescido muito sem que a qualidade acompanhe esse ritmo, o fenômeno deve aparecer mais.

"As universidades e as agências de fomento precisam tomar providências quanto a isso. Nunca tinha tido conhecimento sobre algo dessa dimensão no Brasil. A ordem de grandeza é similar a casos de fraude que ocorrem na China", diz Salinas.

A Unicamp instaurou uma sindicância interna para apurar o caso. Segundo a universidade, ela deve ser concluída em 30 dias.

OUTRO LADO

Procurado pela Folha, Airoldi desligou o telefone assim que a reportagem se apresentou, dizendo não ter tempo para falar. Ele foi contatado também por e-mail, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

Guerra disse já ter entrado em contato com a Elsevier. "Mandamos toda uma defesa dos trabalhos, apresentando provas de que as imagens são verdadeiras, mas não recebemos nenhuma posição."

Ele diz que a retratação da Elsevier "incomoda seriamente". "Pode acontecer de você nunca mais conseguir publicar um trabalho. Um editor vê uma coisa dessas e vai pensar o quê? Somos do Terceiro Mundo, a verdade é essa, sem dúvida nenhuma contra pesquisadores do Primeiro Mundo a crítica teria uma peso menor."

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Usina japonesa vai lançar 11, 5 mil toneladas água radioativa no oceano

TÓQUIO - A Tokyo Electric Power (Tepco), empresa que opera a usina nuclear de Fukushima, no Japão, informou nesta segunda-feira, 4, que irá lançar 11,5 mil toneladas de água com baixa radioatividade no Oceano Pacífico.

Segundo a companhia, a medida faz parte dos esforços para acelerar a eliminação de poças na usina, que foi danificada pelo terremoto e pelo tsunami de 11 de março no país.

A Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão endossou o plano, sob o argumento de que se trata de "uma medida inevitável".

O objetivo é lançar 10 mil toneladas de água com baixa radioatividade que se empoçou na usina após as tentativas de resfriamento tomadas desde o desastre natural.

A Tepco quer secar a usina e utilizá-la para estocar água altamente radioativa que está no piso inferior do prédio da turbina do reator número 2. A Tepco irá também lançar também um total de 1,5 mil toneladas de água que foi coletada debaixo dos reatores número 5 e 6. As informações são da Dow Jones.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Alta em preços de medicamentos pode chegar a 6%

De acordo com o publicado na edição da última quarta-feira (25) do Diário Oficial da União, a partir do dia 31 de março os brasileiros pagarão mais caro para adquirir medicamentos. O aumento foi autorizado por meio de uma resolução da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) e deve ter como base de reajuste o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumulado no período de março de 2008 até fevereiro de 2009.

Se o reajuste fosse hoje, a alta seria de aproximadamente 5,84%, percentual acumulado pelo índice entre fevereiro do ano passado e janeiro deste ano, de acordo com última divulgação do IPCA, ocorrida em 6 de fevereiro.

Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE indicam que o brasileiro gasta, em média, R$ 95,14 por mês com saúde, sendo que os remédios correspondem a 40,57% dos gastos, atingindo o percentual de 68,5% entre os mais pobres, o que é igual a R$ 19,19, e 26% entre os mais ricos, ou cerca de R$ 97,78.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

8 pessoas feridas em acidente com brinquedo do Playcenter

Três funcionários do Playcenter prestaram depoimento na manhã desta segunda-feira sobre o acidente em um brinquedo do parque que feriu oito pessoas na tarde de ontem (3). Três vítimas permanecem internadas nesta segunda-feira.

Segundo o parque, os funcionários que foram ouvidos pela Polícia Civil eram os que trabalhavam no comando do brinquedo Double Shock quando houve uma falha na trava de segurança. As vítimas caíram de uma altura de cinco metros, segundo boletim de ocorrência registrado no 23º DP (Perdizes).

Também na manhã desta segunda-feira, foi realizada a vistoria do brinquedo, por um perito criminal. O Double Shock está interditado desde o acidente.

A administração do Playcenter afirmou que o brinquedo, de fabricação italiana, "encontra-se dentro das normas nacionais e internacionais de operação, conta com manutenção diária e foi totalmente reformado em maio de 2010".

As três vítimas que permanecem internadas estão no Hospital Metropolitano. Uma delas é uma mulher de 30 anos que teve ferimentos na perna e na face, e permanecem na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). As famílias das outras vítimas não autorizaram que o hospital divulgasse seus estados de saúde.

OUTRO ACIDENTE

Em setembro do ano passado um acidente com a montanha-russa Looping Star, também no Playcenter, deixou 16 crianças feridas.

A administração do parque afirmou na época que o choque ocorreu porque um dos vagões não conseguiu parar durante a frenagem e bateu no carro da frente, que terminava de acomodar crianças e adolescentes.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

'Poção milagrosa' gera filas de até 26 km e atrai milhares na Tanzânia

Um pastor da Tanzânia pediu a seus seguidores que parem de ir à remota região em que ele vive em busca de uma ''poção milagrosa''.

As visitas à sua casa começaram a causar caos na região, porque atraem milhares de pessoas, e as filas se estendem por dezenas de quilômetros.

O reverendo Ambilikile 'Babu' Mwasapile, de 76 anos, disse que não quer que ninguém mais compareça a suas sessões de curandeirismo até a sexta-feira, dia 1º de abril, prazo que deu para que as multidões de peregrinos diminuam.

Uma repórter da BBC contou que as filas para uma visita a Mwasapile chegam a ter 26 quilômetros de comprimento.

De acordo com a mídia local, cerca de 52 pessoas morreram quando esperavam para vê-lo.

A crença na magia e nos poderes dos curandeiros tradicionais são costumeiras na Tanzânia.

Alguns curandeiros afirmam, por exemplo, que partes do corpo de pessoas albinas são eficazes na produção de encantos, o que provocou o assassinato de inúmeros albinos nos últimos anos.

Proibição

Em 2009, o governo da Tanzânia proibiu a atuação de todos os magos e curandeiros tradicionais no país.

Mas na segunda-feira, o primeiro-ministro do país, Mizengo Pinda, disse que não iria tomar qualquer ação para impedir as sessões de Mwasapile.

A popular poção do curandeiro da Tanzânia é feita de ervas e água, que ele vende por 500 shilings tanzanianos (o equivalente a pouco mais de R$ 0.50).

A repórter da BBC Caroline Karobia, quando visitou a região em que Mwasapile vive, disse ter encontrado cerca de seis mil pessoas aguardando para ver o pastor aposentado da Igreja Luterana Evangélica da Tanzânia.

Filas para ver curandeiro e sua poção em vilarejo na Tanzânia

A maior parte delas dorme ao relento ou dentro de seus carros perto da estrada que leva à casa do curandeiro, no vilarejo de Samnuge, que não conta com abrigos, água potável ou banheiros.

Assim que se espalharam os rumores sobre o poder de cura da infusão, muitas pessoas começaram a ser retiradas de hospitais por seus pareentes, que acreditam que elas têm mais chance de cura nas mãos de Mwasapile.

Muitas acabaram morrendo antes de vê-lo, enquanto outras, segundo relatos, teriam morrido após tomar a sua poção.

O ministro da Saúde da Tanzânia, Haji Hussein Mponda, disse à BBC que testes provaram que a mistura é segura para o consumo humano.

Ele acrescentou que estão sendo feitos novos testes para avaliar os supostos predicados médicos da infusão.

A polícia foi reforçada na região que leva à casa do pastor, a fim de conter as grandes multidões, muitas das quais chegam a vir de outros países, como o Quênia e até outras nações mais distantes.

Mwasapile pediu por uma interrupção na visita de seus seguidores, após um encontro com autoridades locais.