segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Líbios traçam tática de guerrilha para derrubar Kadafi na ''batalha de Trípoli''

"Não temos medo, não temos fome, não temos sede, não temos cansaço. Por muitos anos tivemos nossas cabeças na alça de mira de Muamar Kadafi. Agora chegou a hora da liberdade." A frase, dita por um rebelde líbio na noite de sexta-feira, enquanto dirigia em meio ao Saara, resume o estado de espírito dos insurgentes. Eles já dominam grande parte do interior da Líbia e preparam a tomada de Trípoli.

Reunidos às centenas em cada vilarejo, armados de fuzis AK-47 e espingardas de caça e comunicando-se por meio de rádios e celulares, os revoltosos coordenam ações para o que chamam de "batalha de Trípoli", o assalto simultâneo da capital nos próximos dias, com o qual pretendem encerrar os mais de 41 anos do regime de Kadafi.

A reportagem do Estado ingressou no oeste da Líbia, uma região que Kadafi ainda considera sob seu completo controle. A realidade é diferente do discurso oficial. Em diferentes cidades e vilarejos, grupos revoltosos abafam - pela dissuasão ou pela força, com um mínimo de vítimas possível - a resistência de tribos vizinhas ainda fiéis ao coronel.

Entre os insurgentes, uma palavra de ordem é repetida à exaustão: revolução. Ingressar em Trípoli e depor Kadafi é o que move rebeldes de cidades como Nalud, Jadou, Az Zintan ou Al- Zawiyah, pelas quais a reportagem passou rumo à capital.

Os revoltosos pegam em armas por não acreditar mais que Kadafi será derrubado por manifestações pacíficas, como ocorreu na Tunísia e Egito. "Na Líbia há mercenários e um regime duro e não há Forças Armadas que possam defender o povo", justifica Salah Khalifa, 43 anos, um dos porta-vozes dos revoltosos de Nalud. "No início foi um movimento popular pacífico. Mas então o regime começou a usar contra quem protesta máquinas de guerra, como artilharia antiaérea. Cada um precisou pegar em armas para se defender."

Entre os grupos, a troca de informações é permanente, em especial sobre a ação dos mercenários de Mali, Níger, Chade e Burkina Faso, contratados por Kadafi para lutar contra o povo líbio. Para a tomada de Trípoli, o movimento das guerrilhas tribais é cada vez organizado.

"Por meio da coordenação, as populações de diferentes tribos e etnias queimaram a carta da guerra civil entre amaziejhs e árabes (dois povos que convivem na Líbia) que era usada por Kadafi", explica Khalid Sukri, militante em Jadou. "É claro que não é muito organizado, mas estamos tentando coordenar a partilha de armas e munição com Zawara, por exemplo, para a tomada de Trípoli, a grande batalha", explica o médico Othmam Mohamed, de Az Zintan.

A coordenação acontece tanto em cidades quanto em meio a colinas de areia e pedras do deserto do Saara, onde alguns grupos rebeldes improvisam acampamentos paramilitares para tomar novos vilarejos, bases militares do regime e "comitês revolucionários" - as instâncias governamentais da Líbia -, sempre que possível sem deixar vítimas.

Nas estradas do país, barreiras com homens armados foram organizadas. Outros são encarregados de patrulhar as estradas da região e manter veículos de escolta, circulando em picapes. Códigos também foram estabelecidos para possibilitar a passagem de comboios de revoltosos. Em caso de movimento suspeito, a guarda é acionada e os veículos considerados "táticos" - como os que por 48 horas transportaram a reportagem até a capital - deixam o asfalto e somem em meio ao deserto, onde encontram novos acampamentos ou cidades ocupadas.

Apesar de terem dominado um conjunto de vilarejos, o cuidado é extremo porque Kadafi estaria planejando cercar as cidades nas quais os manifestantes tomaram o controle para, então, atacar sem piedade com o Exército ou mercenários. Daí o número elevado de mortes - fala-se em 2 mil - em cidades como Benghazi, na costa leste do Mediterrâneo, e Al-Zawiyah, a dezenas de quilômetros de Trípoli.

Az Zintan, a primeira cidade do Oeste a se levantar, foi um exemplo. "Passamos quatro dias sitiados, lutando por uma causa, sem medo", conta Ali Abawama, um dos líderes ativistas. "Além de resistir, queríamos enviar uma mensagem clara aos manifestantes de Benghazi e de todo o leste. Juntos vamos libertar a Líbia."

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Resumo das principais notícias na semana

Em São Paulo, trânsito já mata mais que as armas

A cada 2 minutos 5 mulheres são agredidas no Brasil

Apagão de 24 horas na Zona Norte

Pelo menos 160 mil estudantes fazem cursos tecnológicos considerados ruins

Mundo árabe sob a tensão de um efeito dominó;Iêmen também pede renúncia do presidente

Em São Paulo, trânsito já mata mais que as armas

Capital paulista registra redução nas mortes, mas ainda lidera ranking; maioria das vítimas está na faixa dos 20 anos

O risco de um jovem morrer no trânsito é maior na capital paulista, em comparação com as demais metrópoles brasileiras. Embora a cidade registre queda de 9% nos chamados acidentes de transporte entre 1998 e 2008, os números ainda preocupam. Na população paulista, em geral, já é mais fácil morrer em um acidente com um veículo do que de homicídio.

Segundo o Mapa da Violência 2011, os óbitos em acidentes de transporte entre a população brasileira passaram de 30.994 em 1998 para 39.211 em 2008, um salto de 26,5% - no universo jovem, o crescimento foi de 32,4%. Na faixa dos 20 anos, o aumento foi ainda maior: 43,7%. A taxa de óbitos entre os jovens de 20 anos chegou a 34,6 por 100 mil, ante 27,1 por 100 mil dez anos antes.

Em 2008, morreram diariamente 107,1 pessoas vítimas de acidente de transporte em todo o País - dessas, 24,3 eram jovens; 82,8, não jovens. Os acidentes de transporte representaram 19,3% dos óbitos juvenis no Brasil. No Estado de São Paulo, o índice chegou a 26,7%, superando o de homicídios na região (24,4%). Apenas em Roraima, Tocantins, Piauí e Santa Catarina, o fenômeno se repete - mais jovens mortos em acidentes de transporte do que em homicídios. Entre os não jovens, os acidentes de transporte foram 0,9% dos óbitos.

Vitimização juvenil. De cada quatro óbitos por acidente de transporte entre a população jovem, um ocorreu no domingo. Sábado (19,3%) e segunda-feira (12,3%) são os outros dias da semana com a maior porcentagem de casos. As mortes de não jovens - pessoas abaixo de 15 ou superior a 24 anos - seguem padrão semelhante.

Os dados levantados pelo Mapa da Violência 2011 também indicam que, a partir de 2004, há crescimento da vitimização juvenil, ou seja, mais jovens que adultos morrendo em acidentes de transporte.

Em 2008, o Índice de Vitimização, que relaciona as taxas de óbitos entre jovens com as de não jovens, foi de 131, o que indica que morreram 31% a mais de vítimas jovens. Na cidade de São Paulo, a vitimização juvenil foi de 63,8%, a maior entre as capitais. Santa Catarina liderou entre os Estados (57,2%).

Para o sociólogo e pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, uma série de fatores explica o aumento da vitimização juvenil. "A fiscalização não alcança o nível que deveria e há outras questões, como o abuso de álcool, a facilidade de acesso a carros e a utilização de motocicletas, que são mais arriscadas", comenta.

As piores cidades. O fator "moto" também aparece ao analisar as cidades no País que lideram em mortes no trânsito. Barbalha, na região do Cariri, a 503 km de Fortaleza, está no topo do ranking da população em geral de casos de mortes, com 207,6 mil casos por 100 mil habitantes. Acaraú, que fica no litoral oeste, é campeã entre a população jovem (de 15 a 24 anos), com 280 mortos por 100 mil habitantes.

"No interior, o vaqueiro e o agricultor trocaram o cavalo pela moto, fato que agrava ainda mais o número de acidentes", aponta o presidente do Conselho Estadual de Trânsito (Centran), Luiz Tigre. De 2004 a 2010, a frota de duas rodas cresceu 128,4%, passando de 282,8 mil para 644,9 mil unidades.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A cada 2 minutos 5 mulheres são agredidas no Brasil

A violência contra a mulher tem um dado que assusta: a cada dois minutos, cinco mulheres sofrem agressões domiciliares no Brasil. O que fazer para a lei Maria da Penha ser cumprida?

Para responder a essa pergunta, Alexandre Garcia recebeu dois especialistas no Espaço Aberto: a subsecretária da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres da Presidência da República, Aparecida Gonçalves, e a professora do Departamento de Enfermagem da UnB, Leides Moura.

Veja o vídeo no link do site.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Moradores da Zona Norte de SP sem luz há quase 24 horas

A chuva que atingiu a capital paulista na tarde de segunda-feira (21) causou transtornos para quem reside na Vila Maria, em Tremembé e Santana, na Zona Norte de São Paulo. Os moradores da região ainda sofriam no fim da manhã desta terça-feira (22) com a falta de luz nos bairros.

“Estamos sem luz desde as 15h de ontem [segunda], antes da chuva que caiu”, relatou, por volta das 11h desta terça, a a aposentada Márcia Alves de Almeida. Ela mora na região do Horto Florestal, na Rua Eugênio da Silva, e tentou entrar em contato com a Eletropaulo durante todo o dia. “Eles me deram dois números de protocolo que não adiantaram para nada.”

Outro incômodo que a falta de luz causa é na hora do banho. “Tive que tomar banho de caneca e não sei que horas vou poder usar meu chuveiro”, comenta Márcia. A comida do freezer também estragou. “Eles vão dar desconto? Vão ressarcir a comida estragada?”, protesta.

A aposentada conta também que a Eletropaulo não deu nenhum retorno de quando a luz voltaria. “Eu liguei às 2h para eles e eles disseram que voltaria às 4h30. Retornei novamente e nada.”

Reclamação
Em Santana, os moradores também enfrentaram a falta de energia durante a madrugada. Desde as 9h desta terça-feira, a luz voltou em algumas ruas. Contudo, a população não está satisfeita com o trabalho da empresa.

“Estamos a dois dias seguidos sem luz. Era 1h30 e a gente tentando ligar para eles e nada”, reclama Haydee Guimarães Silva, aposentada e moradora da Rua Alfredo Zunkeller. Ela conta que a luz voltou em alguns locais durante a madrugada, mas, na casa dela, só às 8h30 desta terça-feira. “Se continuar assim, preciso comprar um gerador.”

A preocupação dela também é com a comida. “Fazemos compras e a comida estraga. Quem vai pagar para a gente? Eles vão descontar isso na conta?”. Ela precisou desligar todos os eletrodomésticos para não correr o risco de queimar.

O comércio também sofreu com a luz. A cabeleireira Sonia Maria Ferraz de Paiva diz que a luz só voltou na manhã desta terça na Rua Judith Zumkeller. “O mercadinho em frente ao salão também precisou ficar fechado, não dava para trabalhar.”

Eletropaulo
A assessoria de imprensa da Eletropaulo afirmou, por volta das 11h desta terça, que o serviço havia sido restabelecido em 90% das regiões da cidade de São Paulo afetadas pelas chuvas da segunda-feira (21). Trechos dos bairros de Jardim Glória, Vila Maria, Santana e Tremembé, porém, continuavam com falta de luz. O bairro do Horto Florestal não constava na relação dos locais afetados pela chuva e a empresa disse que iria verificar o que aconteceu na região.

De acordo com a companhia, não é possível estabelecer uma previsão para o sistema ser totalmente normalizado, porque as equipes estão dependendo do trabalho de remoção das árvores caídas que tenham danificado fiações, que é feito pela Defesa Civil.

O diretor de operações da Eletropaulo, Sidney Simonaggio, comentou a dificuldade de alguns moradores em falar com a empresa. “O que acontece em evento anormal de chuva é que qualquer call center fica lotado. Mas, preocupado com o atendimento, criamos canais diferenciados. Temos o SMS. Pode escrever um torpedo para 27373 e a palavra luz. Escreve o número da instalação de sua casa e recebe um torpedo com o prazo de retorno. E há também o site [da empresa]”, disse.

Chuva forte na região
A região Norte sofreu muito com a chuva desta segunda-feira (21). O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da Prefeitura de São Paulo, registrou 63 mm de chuva em Santana e 55 mm em Jaçanã/Tremembé. A média na cidade ficou em 21,4 mm. A velocidade dos ventos alcançou 95,7 km/h às 15h desta segunda no Mirante de Santana.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pelo menos 160 mil estudantes fazem cursos tecnológicos considerados ruins

Entre 2003 e 2009, as matrículas em cursos tecnológicos no Brasil cresceram 324%. A qualidade desses cursos, no entanto, só começou a ser avaliada nos últimos três anos. O retrato levantado não é bom: cerca de 160 mil estudantes estão hoje em um curso superior de qualidade ruim. Mais que isso: até agora, apenas 38% deles passaram por algum tipo de avaliação do Ministério da Educação (MEC).

O avanço dos cursos tecnológicos no Brasil foi vertiginoso. Em 2000 havia apenas 364 cursos registrados. Em 2009, o Censo da Educação Superior registrava 4.449 cursos, um crescimento de 1.122%.

De todos esses cursos, no entanto, apenas 1.723 já passaram por uma avaliação do MEC. Só 1.216 receberam conceitos. Os demais não tiveram graduandos suficientes para fazer o Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade).

Nos poucos cursos que já foram avaliados, a situação não é boa. Na média dos três anos de Enade, 33% tiveram conceitos de curso inferiores a 1,95 pontos e terão de passar por um processo de supervisão.

Em 2008 e 2007, o resultado da avaliação foi ainda pior: mais de 40% dos cursos tiveram os piores conceitos. Em 2009, esse porcentual caiu para 27%. Mas 2009 também foi o ano em que mais cursos ficaram sem avaliação completa, porque eles não ainda possuíam turmas de formandos.

Nos mesmos três anos de avaliação, outros 40% ficaram com conceitos entre 1,95 e 2,95 pontos - o que significa que têm nota 3 para o MEC e são considerados "regulares", mas não que sejam realmente cursos de qualidade. Vinte e nove cursos ficaram com notas abaixo de 1.

Rapidez. A formação mais rápida e o foco concentrado têm atraído estudantes, apesar de nem todas as vagas oferecidas terem sido preenchidas. Em 2009, ficaram ociosas 42 mil delas em diferentes áreas.

A facilidade de instalação dos cursos - são necessários menos professores e, no caso das universidades e dos centros universitários, é possível usar a estrutura dos cursos de graduação - e a maior rotatividade, por causa de um tempo menor de formação, têm atraído as instituições.

"Não há um incentivo do MEC, mas claramente há um incentivo do mercado para os tecnológicos. O País está crescendo, muitas vezes não há tempo para esperar cinco, seis anos para formar um profissional. O tecnólogo preenche essa lacuna", explica o secretário de Ensino Técnico do ministério, Eliezer Pacheco.

A autorização dos cursos tecnológicos está nas mãos da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), e não da Secretaria de Ensino Superior, que cuida dos cursos de graduação.

No entanto, Pacheco afirma que o trâmite e as exigências são os mesmos. "A avaliação está sendo feita. A orientação que a gente dá para os alunos é a de que busquem os dados com o MEC e também verifiquem se o curso está regular, se tem infraestrutura."

PARA ENTENDER

Criados no governo Fernando Henrique Cardoso, os cursos tecnológicos são um meio termo entre o bacharelado e o curso técnico de nível médio. São considerados de nível superior, mas em um grau abaixo do bacharelado ou da licenciatura. Normalmente têm duração de três anos e são mais focados em uma determinada área. Por exemplo, em vez da graduação em Administração, um Tecnólogo em Gestão Financeira. Em vez de Engenharia de Alimentos, Tecnologia em Processamento de Açúcar e Álcool.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Resumo das principais notícias

MUNDO ÁRABE
Continua a onda de protestos no mundo árabe e norte da África. Na Líbia, a violência aumenta a cada dia e tudo leva a crer que eclodirá numa guerra civil. Veja um estudo sobre esse assunto clicando aqui.


RONALDO

Engraçado como é a mídia. Antes era o gordo, agora é um exemplo de superação. Tudo bem que por razões óbvias ele guardou segredo do problema, mas essa é uma mostra de como funciona a boca do povo aliada com a mídia.
Para saber mais, leia a matéria do site Reuters aqui.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MPF quer obrigar teles a "desligar" celulares clandestinos

A invasão de celulares clandestinos da China virou problema para as teles. Hoje, 20% das 202,9 milhões de linhas no país usam aparelhos sem certificação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), informa a reportagem de Julio Wiziack e Camila Fusco publicada na edição desta segunda-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

Entre os clientes pré-pagos, o índice atinge 40% em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

Os números, apurados pela agência e as operadoras, refletem um aumento de 67%. Em meados de 2010, pesquisa com um terço dos celulares ativos projetou que 12% eram clandestinos.

Para os fabricantes no país, a perda anual é de R$ 1 bilhão --ou 20% das vendas de aparelhos originais. Em 2008, era 10%.

Para especialistas, o crescimento decorre do momento favorável da economia. Além disso, as operadoras não vendem telefones que aceitam mais de um chip simultaneamente --para não abrir caminho para os concorrentes. Isso impulsionou os modelos clandestinos.

A situação chamou a atenção do MPF (Ministério Público Federal) em Guarulhos, que prepara uma ação civil para obrigar as teles a "desligar" esses celulares --aparelhos certificados adquiridos no exterior ficariam fora.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mundo árabe sob a tensão de um efeito dominó;Iêmen também pede renúncia do presidente

A renúncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak, representa o fim de um regime forte e ditatorial, mas que garantia grande parte da estabilidade do conturbado Oriente Médio. Com a queda de Mubarak nesta sexta-feira, abre-se um período de incertezas para a região. Outros países, como Síria, Argélia, Jordânia, Marrocos, podem aderir ao levante em efeito dominó já iniciado na Tunísia. "São países com governo forte, ditatorial e centrado no Exército. Esse modelo está em crise de legitimidade”, diz Edgard Leite, especialista em Oriente Médio da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

O levante da sociedade civil egípcia ratifica a insatisfação que começou na Tunísia, país que esteve mergulhado em protestos no último mês. Diante da impossibilidade de participar da vida política do país e sofrendo com os problemas de corrupção, pobreza e desemprego, a população se organizou e foi às ruas pedindo o fim deste padrão de governo.

Ibrahim Moheildeen, chefe do setor da América na Liga Árabe, ouvia a população gritar “Liberdade, liberdade!” nas ruas do Cairo enquanto conversava com a reportagem do site de VEJA. Ele falou sob condição de cidadão egípcio, não sendo a opinião dele necessariamente o que expressa a organização. Moheildeen acredita que cada país tem sua própria dinâmica, mas afirma que o que aconteceu nesta sexta-feira ainda será visto em muitos lugares. “A Tunísia foi o primeiro passo. Tenho certeza que muitas pessoas estão assistindo à televisão, vendo o que está acontecendo no Egito e se perguntando quando isso acontecerá com eles”, afirma.

Se, por um lado, a população alcança seus direitos democráticos, por outro, a situação de instabilidade se complica. “Há aqueles que vêem isso com muito otimismo, porque a forma como a sociedade civil se posicionou e não pode ser calada foi importante para redundar em uma democracia egípcia. Mas há os que vêem com preocupação, já que o fim de um regime forte no Egito pode complicar a situação de instabilidade no Oriente Médio", avalia.

Moheildeen acredita que independente do rumo que a oposição ou um novo regime dê ao país, as pessoas terem saído às ruas e conseguido o que pleiteavam já é motivo de comemoração. “Essa revolução foi feita pelo povo, não há líderes. Os egípcios escolheram a democracia e, definitivamente, o impacto disso em muitos outros países que ainda não a alcançaram será imenso”. Nas relações comerciais, sociais e diplomáticas ele também vê avanços. “Acho que agora haverá mais respeito dos outros países, haverá uma nova visão sobre o Egito porque escolhemos um modelo democrático”, diz.

EUA e Israel – Enquanto o modelo democrático de fato não chega, duas questões importantes não só para o Egito, mas para os países da região, podem determinar o futuro de muitos. São os acordos que o Egito mantém com Estados Unidos e Israel. Nesse sentido, é provável que o regime fixado por Mubarak ainda sobreviva. “Não será como foi até agora, mas vai sobreviver”, aposta Leite.

Isso porque, à parte da controversa Irmandade Muçulmana – maior e mais antiga organização islâmica do país –, a oposição sabe que a vida financeira do Egito está atrelada ao apoio dos Estados Unidos através do acordo comercial. E também sabe que uma indisposição com Israel seria suicida. “A aliança entre Egito e Israel é estabilizadora da região, e Mubarak foi sempre seu fiador. Mas é um acordo de sistemas, não de pessoas. Não creio que haja ruptura. Isso explodiria o Oriente Médio, poderia conduzir a uma nova guerra entre os dois”, diz Leite. "De todo modo, por algum tempo os riscos de uma mudança radical vão continuar assombrando o horizonte.”

Após Egito, iemenitas voltam às ruas para exigir renúncia

Milhares de pessoas foram neste sábado às ruas da capital do Iêmen, Sanaa, exigindo que o presidente do país, Ali Abdullah Saleh, deixe o cargo, em mais um ato inspirado pela onda de protestos que derrubou o governo do Egito.

Os ativistas, que pediam uma revolução no país árabe, chegaram a entrar em confronto com um grupo favorável ao presidente, em frente à Universidade de Sanaa. Há relatos de que as forças de segurança também se envolveram no enfrentamento.

No último dia 2, Ali Abdullah Saleh --que está no poder do Iêmen unificado desde 1990-- afirmou que não irá tentar estender o seu mandato, que termina em 2013, em meio aos protestos pró-democracia no mundo árabe.

Mesmo assim, um dia depois, mais de 20 mil manifestantes foram às ruas de Sanaa pedindo a renúncia imediata do presidente.

Em janeiro, Saleh propôs uma emenda constitucional que permitiria sua reeleição no pleito previsto para 2013. Isto deu início a uma onda de manifestações, exigindo um governo mais democrático e reformas que melhorem a situação econômica do país.

O governo de Saleh enfrenta acusações de corrupção e de concentração de poder em torno de seu clã. O partido governista, o Congresso Geral do Povo, tem ampla maioria no Parlamento.

ALIADO OCIDENTAL

Ali Abdullah Saleh assumiu a Presidência da República Árabe do Iêmen (ou Iêmen do Norte) em 1978, por meio de um golpe militar. Em 1990, ele tornou-se presidente da nova república, criada a partir a fusão entre os Iêmens do Norte e do Sul.

Saleh colaborou com os Estados Unidos na chamada guerra ao terror, durante o mandato de George W. Bush. A grande presença de militantes da rede Al Qaeda, que ameaça frequentemente o regime, é uma das maiores preocupações do governo.

As duas eleições que Saleh venceu --em 1999 e 2006-- foram marcadas por acusações de fraude por parte da oposição.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

PF prende 12 em ação contra policiais ligados ao tráfico e jogos

Por volta das 9h desta sexta-feira, policiais federais já realizavam há três horas busca e apreensão na 22ª delegacia da Polícia Civil do Rio, na Penha, zona norte. Eles buscam documentos, arquivos de computadores e recolhem até munição que estão no prédio.

A PF revistou carros da Polícia Civil estacionados em frente à delegacia. Há pelo menos cinco Renault Sandero e uma caminhonete S 10 no local.

Cinco policiais estavam de plantão quando a PF entrou na 22ª às 6h. Eles pediram para não aparecer em fotos. "É um constrangimento", disse um inspetor. O esquema de plantão é de um dia de trabalho por três de folga.

A ação faz parte da operação Guilhotina, que apura envolvimento de policiais do Rio com traficantes, com desvio de armas e drogas nas favelas cariocas. Além da 22ª, ocorreram buscas na 17ª DP, em São Cristóvão, também zona norte.

O delegado da Corregedoria Geral Unificada da Secretaria de Segurança Pública Jayme Berbat disse que nada foi encontrado na 17ª. O chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, será ouvido pela PF na investigação sobre pagamento de propina feito por traficantes a policiais.

PRESOS

Ao menos 12 dos 45 mandados de prisão expedidos foram cumpridos até as 8h30. Apesar disso, a PF não informou se havia policiais entre os detidos.

Ao todo, são procurados pela PF 11 policiais civis, 13 policiais militares e outros oito policiais militares que estavam emprestados para a Polícia Civil. Os outros 13 mandados foram expedidos contra civis, que incluem ex-policiais e informantes.


OPERAÇÃO

As investigações que levaram a operação tiveram início durante uma ação policial, ocorrida em 2009, que era conduzida pela Delegacia da Polícia Federal em Macaé --denominada 'Operação Paralelo 22', que tinha o objetivo prender o traficante Rogério Rios Mosqueira, conhecido como 'Roupinol', que atuava na favela da Rocinha junto com o traficante 'Nem'.

A partir daí, duas investigações paralelas foram iniciadas, uma da Corregedoria Geral Unificada da Secretaria de Segurança do Rio e outra da Superintendência da Polícia Federal no Rio. A troca de informações entre os serviços de inteligência das duas instituições deu origem ao trabalho conjunto de hoje.

O objetivo da ação desta sexta-feira é 'dar fim à atuação de um grupo criminoso formado por policiais --civis e militares-- e informantes envolvidos com o tráfico de drogas, armas e munições, com a segurança de pontos de jogos clandestinos (máquinas de caça-níqueis e jogo do bicho) e venda de informações sigilosas'.

As forças estaduais destacaram 200 homens, além de dois helicópteros e quatro lanchas. As equipes da Polícia Federal empregam um efetivo de 380 homens.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Al Qaeda convoca oposição no Egito para guerra santa contra Hosni Mubarak

Uma organização ligada à Al-Qaeda convocou os manifestantes egípcios que são contra o governo de Hosni Mubarak a iniciarem uma guerra santa. O grupo pediu que seja estabelecido no país um estado baseado nas leis islâmicas. A organização informou ainda que ofereceu sete conselhos para forçar a renúncia de Mubarak e evitar que pessoas próximas a ele sigam no poder.

Nesta terça-feira, os protestos reuniram cerca de 250 mil pessoas no Cairo.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A 300 metros da delegacia, torcedores do Palmeiras depredam entrada de prédio

Um grupo de torcedores do Palmeiras depredou a entrada de um prédio residencial em Perdizes, na zona oeste da capital, após o jogo entre seu time e o Corinthians, no Estádio do Pacaembu, na tarde de ontem. Uma bandeira do time alvinegro pendurada na varanda de um dos apartamentos teria provocado o tumulto.

A Polícia Militar foi acionada para evitar que os torcedores invadissem o edifício, na Rua Itapicuru, a 300 metros do 23º Distrito Policial. Com a chegada dos policiais, os torcedores se dispersaram e ninguém foi preso. O caso foi registrado no 23º DP, de Perdizes.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Pane em subestação Luiz Gonzaga (PE) causou apagão no NE

O apagão que atingiu regiões do Nordeste na madrugada desta sexta-feira foi provocada por uma pane em uma linha de transmissão na subestação Luiz Gonzaga, localizada em Jatobá (sertão de Pernambuco), segundo a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco). Pelo menos, sete Estados foram afetados --Pernambuco, Ceará, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe e Paraíba.

De acordo com informações da Chesf ao jornal "Bom Dia Brasil", da Rede Globo, a subestação de energia apresentou um problema em um dos componentes eletrônicos que enviou um falso comando para desligar o sistema. Com isso, seis linhas de alta tensão foram prejudicadas, já que o sistema está conectado em cadeia, e atingiu três usinas --Paulo Afonso (na BA), hidrelétrica de Itaparica (PE) e Xingó (entre AL e SE).

Em Recife (PE), boa parte da energia retornou por volta das 3h, no horário local (4h no horário de Brasília), mas alguns bairros continuavam às escuras por volta das 5h. Segundo os bombeiros, o retorno foi gradativo e com pequenos apagões de minutos.

Na Paraíba, o fornecimento foi restabelecido por volta das 4h, no horário local, e por duas vezes houve queda da energia durante alguns minutos.

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), por sua vez, ainda não se pronunciou a respeito do problema.

BLECAUTE

Por volta da 0h40 (horário de Brasília), internautas de diversas capitais da região começaram a relatar no Twitter que as cidades estavam completamente no escuro. O termo "apagão" entrou rapidamente na lista mundial de termos mais citados no microblog.

Na cidade de Fortaleza (CE), o apagão teve início à 0h30. Cidades do interior do Estado também ficaram sem energia. No Recife (PE), diversos bairros do centro e da zona norte da cidade também foram afetados pelo blecaute.

A Celpe --concessionária de energia no Estado-- informou por meio de sua assessoria de imprensa que aguarda informações do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e disse que a companhia pernambucana não teve relação com o apagão.

Em Salvador (BA), a professora universitária Agnes Bezerra, 34, moradora do bairro Pituba, disse que dava medo de sair à rua devido à completa escuridão. "Eu já liguei para o meu pai que mora no bairro Stela Maris, próximo ao aeroporto de Salvador, e lá também falta energia."

O show da cantora Ivete Sangalo no Festival de Verão de Salvador, previsto para a meia-noite horário local (1h de Brasília), começou com 40 minutos de atraso devido à falta de energia. Os equipamentos do palco funcionaram com o auxílio de geradores.

Pouco após as 2h (horário de Brasília) internautas relatavam nas redes sociais que a energia começava a voltar de forma instável em algumas cidades da região, como Maceió, Olinda, Salvador e Fortaleza.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Estado de SP registra queda geral de índices de violência

Os principais índices de criminalidade caíram em praticamente todo o Estado de São Paulo no ano passado em comparação a 2009.

O número de homicídios dolosos (intencionais) é o menor desde 1999. Também houve queda no número de roubos (5%), latrocínios (roubos seguido de mortes, 16%) e sequestros (13%).

A violência também caiu em 2010 no Rio. Foi a menor taxa de homicídios desde 1991, quando começou a ser feita a estatística da criminalidade no Estado. A taxa de homicídios, porém, é quase o triplo da de São Paulo.

O governo paulista atribuiu a queda da violência à melhoria da economia e a investimentos na segurança. Especialistas, porém, dizem que podem haver outras razões, como a campanha do desarmamento e o envelhecimento populacional.

Em São Paulo, a redução dos homicídios foi puxada principalmente pela Grande São Paulo, onde a queda foi de 14%. Mesmo assim, os números ainda impressionam: foram 4.543 pessoas assassinadas no ano passado contra 4.785 em 2009.

"ZONA EPIDÊMICA"

Apesar da queda, o Estado continua sendo considerado uma "zona epidêmica de homicídios" --para a OMS (Organização Mundial da Saúde), existe uma epidemia quando o índice é superior a 10 homicídios para cada 100 mil habitantes. Em São Paulo, foram 10,48 casos.

Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública, mas o governador Geraldo Alckmin (PSDB) antecipou números sobre homicídios no sábado. Na ocasião, ele afirmou ver dificuldades para reduzir ainda mais esse número.

Para o comandante-geral da PM, Álvaro Batista Camilo, a redução da violência pode ser atribuída à melhora da situação econômica do país e aos investimentos na segurança pública, desde 1999.

Camilo, diferentemente do que disse Alckmin, acredita que a meta é reduzir a taxa de homicídios para dez casos ou até menos por 100 mil habitantes até o fim deste ano.

Marcos Carneiro Lima, chefe da Polícia Civil, acredita que a redução da violência foi impulsionada por uma maior aplicação da tecnologia às investigações. "Mas ainda temos muito o que melhorar", disse Lima.

"O sucesso na redução da criminalidade depende da continuidade da política de segurança pública", disse Luís Flávio Sapori, especialista em Segurança Pública da PUC de Minas Gerais.

A Folha pediu à Secretaria da Segurança Pública os dados dos principais tipos de crime por região da capital, mas a pasta não forneceu.